Obras de impressionistas desenvolvem a percepção visual e despertam o gosto pela cultura em crianças que nunca tinham ido a um museu
Viviane e os alunos: consulta aos livros antes
de visitar exposições. Foto: Gustavo
Lourenção
de visitar exposições. Foto: Gustavo
Lourenção
Estudantes que viviam a maior parte do tempo confinados em seu bairro. Muitos deles nunca haviam estado em um museu ou biblioteca pública. A turma de Educação Infantil de Viviane Monteiro da Rocha não vive no interior do país, longe do circuito cultural brasileiro. Pelo contrário. As crianças, que têm entre 5 e 6 anos, moram no Rio de Janeiro, mais especificamente na Barra da Tijuca, região de classe média alta, e quase nunca saem do entorno, formado por condomínios, shopping centers e praias. O motivo: a violência da cidade e o apelo do mundo das compras, que acabam minando o interesse por programas em teatros, museus e galerias de arte.
Como ampliar o universo cultural dessa garotada? Essa foi a pergunta que Viviane se fez ao diagnosticar o perfil dos alunos. "Um importante caminho para aprender a enxergar o mundo é a arte", afirma a professora. Ela encontrou a resposta, junto com a colega Inês Rocha de Sá, nas pinceladas de Monet e Renoir, artistas franceses que lideram o movimento impressionista (1860-1886). Assim, cenas simples do cotidiano da Escola Parque, onde foi realizado o trabalho, como pássaros no jardim ou a luz do entardecer nas árvores, ganharam novo sentido e se transformaram em imagens pintadas pelas crianças. Entusiasmadas com as descobertas, elas levaram os pais a adquirir o hábito de freqüentar os museus e as galerias de arte do centro da cidade.
Como ampliar o universo cultural dessa garotada? Essa foi a pergunta que Viviane se fez ao diagnosticar o perfil dos alunos. "Um importante caminho para aprender a enxergar o mundo é a arte", afirma a professora. Ela encontrou a resposta, junto com a colega Inês Rocha de Sá, nas pinceladas de Monet e Renoir, artistas franceses que lideram o movimento impressionista (1860-1886). Assim, cenas simples do cotidiano da Escola Parque, onde foi realizado o trabalho, como pássaros no jardim ou a luz do entardecer nas árvores, ganharam novo sentido e se transformaram em imagens pintadas pelas crianças. Entusiasmadas com as descobertas, elas levaram os pais a adquirir o hábito de freqüentar os museus e as galerias de arte do centro da cidade.
Plano de aula
ObjetivosAo perceber o restrito universo cultural de seus alunos, crianças de classe média alta que nunca haviam visitado exposições de arte, Viviane promoveu o contato com as obras impressionistas e possibilitou a eles utilizar habilidades e imaginação para a construção de suas próprias produções artísticas. Assim, desenvolveu a percepção e a linguagem visual dos alunos. Além disso, a professora despertou o gosto por passeios diferentes daqueles a que os estudantes estavam acostumados ? praia e shoppings ? e estimulou, inclusive nas famílias, o hábito de visitar museus.
Quem já foi a um museu? A maioria das crianças ficou calada após a pergunta de Viviane. O silêncio revelou a ela a necessidade de planejar a aproximação dos pequenos às artes plásticas. O movimento escolhido para abrir as "portas da percepção" foi o impressionismo. A professora leu para os alunos o livro Érica e os Impressionistas, que despertou o interesse pelos museus e pela vida de Renoir e Monet. Logo em seguida, a turma saiu da escola e foi a uma exposição que acontecia na cidade. Lá, extasiada, descobriu o sentido de "viajar" em uma obra de arte. Era a primeira vez que a maioria das crianças punha os pés em um museu.
Próximo programa: sessão de cinema. O filme Linéia no Jardim de Monet trouxe novas informações e um contato maior com o tema. De volta à escola, o grupo descobriu outras obras do pintor consultando livros e a internet. O projeto, que até aqui incluía apenas pesquisa e apreciação das obras de arte, avançou para a etapa de produção. Com papel, pincel, tinta guache, cola e tesoura, a turma construiu no pátio uma ponte japonesa, como a dos quadros de Monet, e um painel cheio de papoulas de papel crepom. Dessa maneira, todos experimentaram outras técnicas, além da pintura, para retratar as cenas presentes nas obras dos franceses.
As paisagens de Monet
Se o jardim de Monet era tão interessante, como seria o da escola?, questionou Viviane. Nessa etapa, seu objetivo era ensinar a pintura de observação ao ar livre. A turma registrou a natureza ao redor, como faziam os artistas, retratando as sensações visuais. A técnica utilizada foi a do pontilhismo, típica do movimento. "Os alunos adoraram experimentar as pinceladas quase displicentes na construção das imagens que tinham diante dos olhos: as árvores, o prédio da escola e os pássaros", relata Viviane. As crianças estavam tão envolvidas com o projeto que imitaram a postura dos pintores diante da tela. À frente de cavaletes improvisados, se sentiam pintores de seu tempo.
Renoir e os modelos-vivos
Entre os temas que August Renoir aproveitava em suas obras estavam nus femininos e crianças. Ao estudar o pintor, a classe aprendeu a observar os detalhes e as nuanças do corpo humano ? mesmo que vestido ?, importante conteúdo da Educação Infantil. Os pequenos descobriram as características pessoais do trabalho desse artista e o compararam a Monet.
Num momento mais descontraído do projeto, Viviane levou novamente a turma para o pátio, dessa vez acompanhada de uma caixa cheia de fantasias. Uma parte dos alunos se caracterizou para compor modelos-vivos, enquanto a outra parte os retratou. Em seguida, os papéis se alternaram. Nem as professoras escaparam e, usando belos chapéus, foram inspiração para pinturas apuradas sob o olhar dos alunos. Em sala de aula, a produção teve continuidade com a observação e a pintura baseada em duas obras, O Velho e Brincadeiras Infantis. "Não tive a preocupação de pedir uma releitura das telas, mas de trazer a turma cada vez mais perto das sensações da pintura", diz Viviane.
Reflexão em diário coletivo
Para Viviane não se perder no equilíbrio entre teoria e prática, ela utilizou a roda de conversa como estratégia durante todo o trabalho. A cada semana, as crianças refletiam sobre as atividades realizadas. As informações eram escritas pela professora, resultando em um diário coletivo, importante aliado na avaliação e no andamento do projeto.
Para encerrar, foi organizada uma exposição dos trabalhos, incluindo a ponte, as papoulas de crepom e as pinturas realizadas no pátio e em sala de aula. A produção das crianças reafirmou nos pais a necessidade de mantê-las em contato freqüente com obras de arte.
Os jardins da escola, no trabalho dos
alunos: técnica e sensações visuais.
alunos: técnica e sensações visuais.
Quem já foi a um museu? A maioria das crianças ficou calada após a pergunta de Viviane. O silêncio revelou a ela a necessidade de planejar a aproximação dos pequenos às artes plásticas. O movimento escolhido para abrir as "portas da percepção" foi o impressionismo. A professora leu para os alunos o livro Érica e os Impressionistas, que despertou o interesse pelos museus e pela vida de Renoir e Monet. Logo em seguida, a turma saiu da escola e foi a uma exposição que acontecia na cidade. Lá, extasiada, descobriu o sentido de "viajar" em uma obra de arte. Era a primeira vez que a maioria das crianças punha os pés em um museu.
Próximo programa: sessão de cinema. O filme Linéia no Jardim de Monet trouxe novas informações e um contato maior com o tema. De volta à escola, o grupo descobriu outras obras do pintor consultando livros e a internet. O projeto, que até aqui incluía apenas pesquisa e apreciação das obras de arte, avançou para a etapa de produção. Com papel, pincel, tinta guache, cola e tesoura, a turma construiu no pátio uma ponte japonesa, como a dos quadros de Monet, e um painel cheio de papoulas de papel crepom. Dessa maneira, todos experimentaram outras técnicas, além da pintura, para retratar as cenas presentes nas obras dos franceses.
As paisagens de Monet
Se o jardim de Monet era tão interessante, como seria o da escola?, questionou Viviane. Nessa etapa, seu objetivo era ensinar a pintura de observação ao ar livre. A turma registrou a natureza ao redor, como faziam os artistas, retratando as sensações visuais. A técnica utilizada foi a do pontilhismo, típica do movimento. "Os alunos adoraram experimentar as pinceladas quase displicentes na construção das imagens que tinham diante dos olhos: as árvores, o prédio da escola e os pássaros", relata Viviane. As crianças estavam tão envolvidas com o projeto que imitaram a postura dos pintores diante da tela. À frente de cavaletes improvisados, se sentiam pintores de seu tempo.
Renoir e os modelos-vivos
Entre os temas que August Renoir aproveitava em suas obras estavam nus femininos e crianças. Ao estudar o pintor, a classe aprendeu a observar os detalhes e as nuanças do corpo humano ? mesmo que vestido ?, importante conteúdo da Educação Infantil. Os pequenos descobriram as características pessoais do trabalho desse artista e o compararam a Monet.
Num momento mais descontraído do projeto, Viviane levou novamente a turma para o pátio, dessa vez acompanhada de uma caixa cheia de fantasias. Uma parte dos alunos se caracterizou para compor modelos-vivos, enquanto a outra parte os retratou. Em seguida, os papéis se alternaram. Nem as professoras escaparam e, usando belos chapéus, foram inspiração para pinturas apuradas sob o olhar dos alunos. Em sala de aula, a produção teve continuidade com a observação e a pintura baseada em duas obras, O Velho e Brincadeiras Infantis. "Não tive a preocupação de pedir uma releitura das telas, mas de trazer a turma cada vez mais perto das sensações da pintura", diz Viviane.
Reflexão em diário coletivo
Para Viviane não se perder no equilíbrio entre teoria e prática, ela utilizou a roda de conversa como estratégia durante todo o trabalho. A cada semana, as crianças refletiam sobre as atividades realizadas. As informações eram escritas pela professora, resultando em um diário coletivo, importante aliado na avaliação e no andamento do projeto.
Para encerrar, foi organizada uma exposição dos trabalhos, incluindo a ponte, as papoulas de crepom e as pinturas realizadas no pátio e em sala de aula. A produção das crianças reafirmou nos pais a necessidade de mantê-las em contato freqüente com obras de arte.
Quer saber mais?
Viviane Monteiro da Rocha, R. Joaquim Távora, 258, apto. 401, 22793-390, Niterói, RJ, tel. (21) 2611-2742, e-mail:vivianemrocha@hotmail.com
BIBLIOGRAFIA
Érica e os Impressionistas, James Mayhew, 32 págs., Ed. Moderna, tel. (11) 6090-1445, 20,80 reais
FILMOGRAFIA
Linéia no Jardim de Monet, animação infantil, Suécia, 1992, distribuição projeto Escola no Cinema, Espaço Unibanco, tel. (11) 3266-5115, 15 reais
BIBLIOGRAFIA
Érica e os Impressionistas, James Mayhew, 32 págs., Ed. Moderna, tel. (11) 6090-1445, 20,80 reais
FILMOGRAFIA
Linéia no Jardim de Monet, animação infantil, Suécia, 1992, distribuição projeto Escola no Cinema, Espaço Unibanco, tel. (11) 3266-5115, 15 reais