O professor de Geografia sabe, melhor do que ninguém, da importância dessa disciplina para o mundo e para a sociedade. O problema é que, nem sempre, ele consegue convencer os seus alunos sobre esse fato. Não é preciso ir muito longe para perceber isso, basta fazer uma breve pesquisa com qualquer turma de alunos que logo se constata esse fato.
Mas por que isso acontece? Será que a Geografia é realmente uma matéria “chata”, como alguns alunos dizem? Ou será que ela não é considerada importante porque ela é “fácil”, como aponta outros?
É claro que a Geografia não tem nada de chata ou legal, fácil ou difícil, pois esses termos são adjetivos e referem-se apenas à opinião de algumas pessoas, e não a um fato consumado e incontestável.
Então, de onde surgem tantas reclamações de alunos sobre essa disciplina e por que eles demonstram pouco interesse por ela?
Primeiramente, é preciso que os professores comecem a se questionar sobre esse possível desinteresse dos alunos. É claro que se você abordar uma pessoa e perguntar para ela se ela gosta de Geografia, sem explicar do que ela se trata, a resposta (seja ela positiva ou negativa) será precipitada ou equivocada.
Talvez o mais interessante seja questionar o aluno através de perguntas mais específicas, seja sobre o clima (por que não chove no Nordeste?) ou sobre as populações (a fome é realmente causada pelo excesso de gente no mundo?).
É uma prática que costuma dar certo porque estimula a curiosidade dos alunos. Ninguém se interessa por um tema muito geral, do qual não se sabe a funcionalidade, mesmo que lhe digam mil vezes que é importante. A sugestão é que o professor evite falar utilizando termos muito abrangentes para tematizar a aula, como “aula de Geografia” ou “texto de Cartografia”.
A ideia, como muitos teóricos da educação sugerem, é partir da vivência do aluno, o que não é difícil para a Geografia, por ser a ciência que estuda o espaço geográfico. Quando isso não for possível, o professor pode tentar aguçar a curiosidade dos alunos a partir de questões específicas, por exemplo: em uma aula sobre placas tectônicas, ele pode começar com perguntas do tipo: “como surgem os terremotos?”, “de onde vieram as montanhas?”, “porque o Everest é o ponto mais alto do mundo?”.
A ideia é exatamente não responder a essas perguntas imediatamente, é deixar que a curiosidade estimule os alunos a refletirem e a se dedicarem ao assunto colocado em sala. Pode até ser que as chances de isso dar certo não sejam absolutas, mas com certeza isso é mais garantido do que começar a aula dizendo: “hoje vamos começar a aula sobre placas tectônicas, abram o livro na página 37”!
Outro modo de dinamizar as aulas é a utilização de dinâmicas e práticas lúdicas. No Canal do Educador, do Brasil Escola, existem algumas possibilidades nesse sentido, como jogar batalha naval para ensinar coordenadas geográficas, músicas para tematizar as aulas ou, até mesmo, filmes que podem ser utilizados como instrumento pedagógico. A criatividade do professor também é um trunfo a ser explorado.
Diante de inúmeras possibilidades, o professor pode vencer um a um os desafios impostos pelas dificuldades da sala de aula, seja o comportamento dos alunos ou a falta de infraestrutura das escolas brasileiras. A questão é usar a criatividade e ter confiança em si mesmo.
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia
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